Campos tem 58,9 mil domicílios sem rede de esgotos ou fossa séptica

Novamente o blog informa que os dados são do Censo 2010 do IBGE. Também com estes números, o município de Campos dos Goytacazes só fica atrás em valores absolutos, da capital, que com suas mil favelas, tem, aproximadamente, o dobro de domicílios sem rede de esgoto ou fossa séptica para escoar o esgoto, num total de 107.618 domicílios nesta situação.

Assim, como no número de domicílios sem banheiro, a ausência de rede de esgotos ou fossa séptica para dar conta do esgoto doméstico, o município de Campos dos Goytacazes fica em pior situação, mesmo em números absolutos, em relação a São Gonçalo que tem 58.105 casos, depois Nova Iguaçu com 39.655 domicílios sem rede de esgoto e Duque de Caxias com 37.080 domicílios nesta situação é o 5º município fluminense com mais domicílios sem rede de coleta de esgotos ou fossa séptica.

Do total de 58.909 domicílios no município de Campos dos Goytacazes sem rede de esgoto ou fossa séptica, 48.359 estão na área urbana e 10.550 na área rural.

Em números proporcionais ou relativos, quando comparados ao número total de domicílios do município, Campos dos Goytacazes, com o percentual de 41% dos seus domicílios sem rede de esgotos ou fossa séptica, tem um percentual que mais que o triplo do índice do estado cujo percentual é de 13%, mesmo com todos os problemas da região metropolitana, aí incluídos, a Baixada Fluminense e a região de São Gonçalo.

Na região Norte Fluminense, o município de Campos dos Goytacazes com 41% dos domicílios sem rede de esgoto só está em melhores condições que os município de São Francisco do Itabapoana que tem o altíssimo percentual de 86% dos domicílios sem rede de esgoto ou fossa e também São João da Barra com 63% de seus domicílios sem acesso à rede de esgotos ou com instalação de fossa séptica.

Abaixo o blog publica para a melhor visualização duas tabelas. A primeira mostra os números dos 5 municípios com maior quantidade de domicílios sem Rede de Esgotos e/ ou Fossa Séptica, o total de domicílios de cada um destes municípios, e a relação percentual de cada um deles sem banheiro.

Depois, o blog apresenta, outra tabela com estes mesmo dados, para os 9 municípios da região Norte Fluminense.

Assim como no número de domicílios sem banheiros e/ou sanitários (postado abaixo – ver aqui) este índice de Campos, em que quase metade dos domicílios não possuem rede de esgotos ou fossa séptica é injustificável, para um município cujas receitas dos royalties na última década superou os R$ 7,5 bilhões e com um orçamento anual em torno de R$ 2 bilhões.

No caso específico, o questionamento cabe além da prefeitura, a PMCG, a empresa contratada como concessionária, a Águas do Paraíba que há doze anos assumiu a responsabilidade do saneamento no município, tendo tido um empréstimo do BNDES de R$100 milhões para este trabalho.

Interessante observar que a concessionária Águas do Paraíba é uma empresa da holding (grupo empresarial) Águas do Paraíba que detém a concessão de mais 7 municípios fluminense, e Campos é o que está em pior situação de todos eles, conforme pode ser visto na tabela abaixo:

Pela tabela podemos ver que o único município atendidos pela Águas do Brasil com índice maior que o de Campos, sem Rede de Esgoto e ou fossa é o de Saquarema com 44%, depois vem, abaixo de Campos, mas também índices bastante altos, o de Silva Jardim com 38% e Araruama com 34%, ambos atendidos pela Águas de Juturnaíba. Todos os demais municípios atendidos pelo mesmo grupo empresarial, como Resende, Niterói, Nova Friburgo e Petrópolis têm percentuais mais baixos.

É evidente que isto quer dizer alguma coisa relativa à gestão pública e ao planejamento e controle sobre os serviços públicos da concessionária. O argumento de que Campos dos Goytacazes é um município maior e com mais município não vale porque pela tabela vemos que Niterói tem quase 15% a mais de domicílios que Campos e um índice de cobertura de rede de esgoto de 93% contra 59% de Campos.

Além disso, o tempo em que assumiu os serviços foi praticamente o mesmo, desde 1999, portanto há doze anos, mais de uma década. Para finalizar, bom relembrar que este não é um dado/indicador isolado, ele está junto de outros que o blog já citou e ainda vai aqui mostrar.

Por fim, o blog repete o desafio feito na postagem sobre a quantidade de domicílios sem banheiro de que a mídia local se interesse em elaborar reportagens sobre este dado oficial do Censo do 2010, sabendo que todas as empresas de mídia local têm contratos de publicidade e veiculação de propaganda com a PMCG e, especialmente, com a concessionária Águas do Paraíba S.A. O blog também aguarda o debate sobre esta informação e sua análise extraídas do Censo 2010.

PS.: Atualizado em 13-06-2011: Segundo as Resoluções da 1ª Conferência da Cidade de Campos dos Goytacazes, na área de Saneamento Ambiental, até o ano 2007, o esgoto de 2/3 dos domicílios do município já deveria estar coletado e tratado. E, em 2010, já deveria estar universalizada a coleta e o tratamento de todo o esgoto do município.