domingo, novembro 08, 2009

Faltam nomes nesta reportagem

O jornal O Globo na edição deste domingo traz longa matéria sobre relações promíscuas no judiciário fluminense. São três páginas inteiras sobre o assunto que produz náuseas em quem sabe que, quando há riscos do árbitro estar comprometido com as sentenças, o descrédito na sociedade alcança os mais perigosos níveis de descrédito. Num "box" da matéria é feita referência a "negócios" tratados com políticos do Norte Fluminense onde, segundo a matéria é "um dos principais nichos de mercado do lobista foi o Norte Fluminense, área irrigada pelo dinheiro dos royalties do petróleo." Assim, de forma similar ao exercício de palavras cruzadas, o blog imagina que se possa preencher o quebra-cabeças dos personagens envolvidos nesta relação com os juízes do TRE-RJ. Este trecho da matéria foi intitulado como "O terceiro turno - oferta de blindagem de políticos e cassação de adversários": "O 'terceiro turno'" "Oferta de blindagem de políticos e cassação de adversários" O esquema de assédio a políticos comandado por Eduardo Raschkovsky , que ficou conhecido como “terceiro turno”, começou a funcionar nas eleições de 2006, mas ganhou musculatura e valores mais altos na campanha do ano passado. Os candidatos o batizaram de “terceiro turno” por saber que, para ganhar, não bastava apenas garantir a vitória nas urnas. Para atrair os clientes, Eduardo ameaçava com a hipótese de cassação do mandato.Desde as eleições de 2008, cinco prefeitos já perderam o cargo (Seropédica, Carapebus, Rio das Ostras, Itaguaí e Magé) e pelo menos outros seis correm risco (Cabo Frio, Macaé, Angra dos Reis, Mangaratiba, Valença e Campos). Na maioria dos casos, eles respondem por abuso do poder econômico ou por contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).O esquema começava na campanha eleitoral. Para não serem surpreendidos judicialmente, os clientes de Eduardo, se aceitassem o acordo, tinham a garantia da blindagem judicial.Nas negociações, Eduardo citava informações sobre os trâmites processuais e antecipava como os desembargadores do TRERJ tomariam as suas decisões para provar sua influência na Justiça Eleitoral. Em troca, o lobista exigia, segundo as denúncias, entre R$ 200 mil e R$ 10 milhões. Os valores podiam ser parcelados. Quem concordasse em pagar tinha ainda a promessa de cassação de seus adversários, inclusive com a transmissão ao vivo da sessão do TRE-RJ em rádios locais de suas respectivas cidades. Políticos ouvidos pelo GLOBO contaram os encontros em detalhes. As reuniões ocorriam na casa de Eduardo Raschkovsky, cercada por seguranças, ou no escritório de advocacia do sogro. Um dos principais nichos de mercado do lobista foi o Norte Fluminense, área irrigada pelo dinheiro dos royalties do petróleo. Um dos candidatos da região, por exemplo, contou que a proposta feita pelo lobista para abrir o caminho no TRE-RJ foi feita pelo menos 20 dias antes do pleito. Temendo ser vítima de um atentado, o político seguiu acompanhado por quatro guarda-costas, três assessores e por seu motorista até o estacionamento de um shopping da Barra, de onde seguiu para a residência de Eduardo Raschkovsky. Na mesma região, outro postulante ao cargo de prefeito diz ter sido achacado, desta vez por um grupo ligado a dois empresários da área da construção civil, que falavam em nome do lobista, logo depois de uma votação no TRE-RJ em que o candidato perdeu por seis a zero, mas as negociações foram reabertas. Quando já eleito, os entendimentos foram conduzidos a um secretário municipal, que recebia a cada semana um número diferente de celular pré-pago para se comunicar com Eduardo. Na época, o lobista se apresentou como delegado aposentado da Polícia Federal. Na Região dos Lagos, o advogado de um político também confirmou a sondagem em seguida ao pedido de cassação do seu cliente, em setembro do ano passado. Eduardo tentou extorquir dinheiro também de políticos dos dois maiores municípios da Baixada Fluminense. Com um deles, o encontro ocorreu em junho de 2008, durante as convenções partidárias. Ele também esteve no Itanhangá. O lobista prometeu “ajudá-lo” a ganhar a eleição contra seu adversário, na época líder nas pesquisas, mas com processos no TRE-RJ.Advogado de outra vítima, que em um só dia contestou na Justiça Eleitoral 83 ações, revelou que ele procurou o comitê em julho de 2008." PS.: Atualizado às 12:16: Corrigido erro de concordância no título desta nota.

7 comentários:

Anônimo disse...

Roberto, faleceu hoje, as 9h.10m no Prontocardio, D. Amelia, mãe do Deputado Arnaldo Vianna, ela estava internada acerca de 2 meses. Não decidiram ainda sobre o velório.

Marcelo Bessa disse...

Roberto:
A reportagem levanta suspeitas sobre assunto que é por demais importante aos brasileiros: a lisura das eleições.
Por isso, antes que sejam elaboradas "teorias da conspiração" e se jogue no lixo todo o trabalho sério que a Justiça Eleitoral faz, creio ser importante destacar o que o ex-presidente do TRE/RJ, Des. Roberto Wider - não citado na postagem, mas sobre quem há insinuações na tal reportagem - disse em outro trecho do mesmo jornal:
"Era impossível que os políticos tivessem blindagem. Isso (as acusações) só demonstra o quanto estou incomodando. Qual é a arma que eles (os políticos fichas-sujas e outros setores atingidos por decisões tomadas pelo desembargador) têm para me atingir?
Na reportagem há indícios de que o tal Eduardo prometia influir, apenas. Saber como determinado Juiz vota não é difícil. Em muitos casos dá até para saber como Ministros do STF votam e até eu sei: basta analisar seus posicionamentos anteriores - a tendência é a repetição dos votos.
Alardear isso e tirar dinheiro de políticos - que se aceitaram são tão criminosos quanto quem pediu a propina (isso não pode ser esquecido, pois eles não são vítimas ) - não é prova de que realmente eram vendidas sentenças.

Roberto Moraes disse...

Caro Marcelo,

Boa sua abordagem. Acusações ou denúncias não podem ser encaradas como condenações.

Porém, a matéria deixa evidenciado que há gente buscando "facilidades" nas decisões do TRE-RJ e tem gente da região fazendo isto, com ou sem a participação dos magistrados.

Bom que saibamos destes interessados em intereferir nestas deci$õe$ judiciais.

Abs.

xacal disse...

Caro Roberto,

Intrigante...então um desembargador, paladino da "moral e bons costumes", vai a casa do acusado(um ficha suja contumaz, ou chave de cadeia, como diz a gíria), participa de festas e rega-bofes e ainda assim reclamamos a "presunção de inocência"...????

Mas não é, justamente, essa prerrogativa constitucional(a tal da presunção)que o "cruzado da ficha limpa" que ceifar e nosso ordenamento...???

Intrigante...

Unknown disse...

caro marcelo,
esta reportagempara as pessoas que moram em cabo frio não é surpresa, pois o municipio esta parado e falido apesar de tanto dinheiro que recebe, mensalmente proveniente do petróleo, as manifestações do povo em apoio ao sr.Juiz de Direito do TRE de Cabo Frio, prova que queremos investigações profundas e cadeia para todos os envolvidos. Precisamos destes esclarecimentos e que nomes sejam expostos.

Anônimo disse...

Pode incluir na sua postagem a Prefeitura da cidade de Barra Mansa, situada no Sul Fluminense. O candidato que perdeu e o advogado do partido garantem com muita confiança que o Prefeito eleito será cassado, confiando no julgamento de recursos pelo TRE-RJ!

Unknown disse...

as lideranças políticas, tem abusado das negociações e do poder da máquina administrativa, principalmente quando das eleições,devemos acreditar que todos aqueles que se desviaram devem ser punidos e que justiça seja feita, a compra de votos é crime seja de que forma for, necessitamos ter coragem para olhar para os nossos filhos após cada eleição pela vergonha que ocorre, aqui em cabo frio foi terrível o comportamento não só do prefeito que tenta a reeleição, mas também de inúmeros candidatos a vereadores que querem se perpetuarem no poder, JUSTIÇA tarda mas não falta e que ela seja feita.